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quinta-feira, 13 de junho de 2013

O Adorador Sem Nome



O Adorador sem nome 

Por Tito Cruz 





Este título pode parecer um tanto curioso. Mas o que descobriremos a seguir 

é que o nome deste homem não tem a menor importância diante de sua atitude 

de adoração, diante do fato de que ele era um adorador genuíno. Estamos 

falando do servo de Abraão, mais precisamente no livro de Gênesis, capítulo 

24. 



Assim nos dizem as Escrituras Sagradas: "Era Abraão já idoso, bem avançado 

em anos; e o Senhor em tudo o havia abençoado. Disse Abraão ao seu mais 

antigo servo da casa, que governava tudo o que possuía: põe a mão por 

debaixo da minha coxa..." (Gênesis 24.1,2.) 





Encontramos aqui ninguém mais ninguém menos do que o mais antigo servo de 

Abraão, homem de muitas responsabilidades. Provavelmente, ele cuidava de 

vários afazeres domésticos e também verificava o serviço dos demais servos 

da casa do principal líder do povo hebreu naqueles dias. Era ele quem dizia 

se a comida estava boa, se o chão estava bem limpo, se a casa estava 

arrumada, se os animais estavam bem tratados etc. Gosto de saber que Deus 

usa as pessoas menos importantes e das formas mais inesperadas para realizar 

grandes coisas (I Coríntios 1.26-29). Pois foi através daquele humilde servo 

que Abraão pode dar continuidade à sua linhagem, da qual veio a nascer o 

Messias - Jesus - o nosso Senhor. 



Quero ressaltar alguns pontos interessantes desse adorador, que 

acrescentaram muito à minha vida com Deus. 





1. Ele era um bom servo, mas desconhecido 



Como servo, sua posição trazia esta marca: "Servos não têm nome". Servos são 

somente servos, preocupados única e exclusivamente em cumprir bem os 

desígnios de seus senhores. Para um bom servo, basta a ordem ou a decisão de 

seu senhor para que se sinta bem. Por conseguinte, deveríamos trazer esse 

mesmo sentimento em nós, pois isso é o que nos ensina o próprio Senhor 

Jesus, quando afirma: "... o maior entre vós, seja como o menor; e aquele 

que dirige seja como o que serve..." (Lucas 22.26-27.) 



Outra característica de um servo eficaz é que ele é totalmente dependente 

das decisões do seu senhor e sabe esperar por elas. Diante disso, nós 

devemos estar sempre na dependência do nosso Senhor, à espera do Seu mover. 

Um bom servo compreende com clareza a frase "...sem Ele nada podemos fazer" 

(João 15.5). Somos constantemente testados em nossa soberba e em nosso ego, 

porque sentimos prazer em dizer "eu fiz, eu resolvi, eu consegui", (você 

pode terminar a lista)... 



Vivemos em um mundo regido por tais regras e cobranças. A humanidade, 

afastada de Deus pelo pecado, tenta sempre e de todas as formas possíveis se 

firmar como auto-suficiente e independente de qualquer coisa ou Pessoa. Como 

servos do único Senhor dos Senhores, creio que nossa atitude como cristãos 

deve ser a de nos humilhar, perder essa vontade de ser alguém importante, 

cujo nome conste em algum jornalzinho ou revista de notícias evangélicas 

dominicais... É preciso buscar ardentemente ser encontrados como bons 

servos, declarando sempre a nossa total dependência de Deus. 





2. Ele era responsável pelas coisas do seu senhor 



"... o seu mais antigo servo da casa, que governava tudo quanto possuía..." 

(v. 1.) 



Ora, Abraão era um homem muito experimentado, já com muitos anos de vida e, 

provavelmente, esse não era o seu primeiro servo, embora fosse o mais 

antigo. Abraão sabia reconhecer muito bem o bom servo do mau servo. Este 

servo, diz a Palavra, governava a casa e os bens de Abraão, que com certeza 

eram muitos. Tamanha responsabilidade tem de ter como base e como elo: 

confiança, sinceridade, fidelidade, enfim, quesitos fundamentais que também 

podemos encontrar em um grande amigo. Sendo assim, podemos perceber que ser 

encontrado como um servo bom e fiel significa também ser encontrado como um 

grande amigo com quem Deus poderá contar. Este é o relacionamento que aquele 

servo tinha com Abraão, o mesmo que Deus mantinha com Abraão, e também o 

tipo de relacionamento que Deus deseja ter conosco. Foi através destas 

qualidades que esse desconhecido não só foi o governante de tudo o que 

possuía um dos homens mais importantes da História, mas também o "pivô" da 

vontade de Deus para a humanidade, na genealogia de Jesus. "Muito bem servo 

bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo 

do Teu Senhor." (Mateus 25.21.) 



3. Ele amava o seu senhor 



"E disse consigo: Ó Senhor, Deus de meu senhor Abraão, rogo-te que me acudas 

hoje e uses de bondade para com meu senhor Abraão" (v. 12) 



Vemos aqui que além de cuidar de tudo o que possuía Abraão, sendo 

responsável e preocupado com os interesses do seu senhor, ele desejava muito 

vê-lo feliz e satisfeito com os seus serviços. 



Na cultura oriental, um servo vive para o seu senhor e não para si mesmo. 

Cria-se um relacionamento às vezes mais forte do que o próprio laço 

familiar! 



Diante de um serviço que estava além de seu alcance e recursos - trazer a 

esposa para o filho do seu senhor - ele faz esta oração a Deus, e intercede 

por Abraão. Ele talvez tenha aprendido a buscar ao Senhor Deus com o próprio 

Abraão. E a lição sobre buscar o Senhor na nossa impossibilidade ele não 

havia esquecido. 



Ele realmente amava o seu Senhor. Estaria desobrigado de trazer a moça caso 

ela não quisesse voltar com ele. Mas esse homem tinha um objetivo, um alvo: 

fazer a vontade de seu senhor. Ele sabia da importância dessa missão; era 

necessário que Isaque se casasse logo, para que a herança de Abraão não se 

perdesse. Um fato que devemos lembrar: Abraão temia que, se Isaque se 

casasse com uma mulher cananéia, outros costumes entrariam no meio do povo e 

certamente estariam corrompendo o culto ao seu Deus. 



Outro ponto vista poderia ser colocado da seguinte maneira: na cultura 

hebraica daquela época, quando o líder de uma casa morria sem deixar filhos, 

automaticamente a herança passava a pertencer ao servo mais antigo. E se o 

servo de Abraão fosse ganancioso? Ele poderia ter atentado contra a vida de 

Isaque e teria ficado milionário. Sendo Abraão já velho e sem uma esposa, 

seria difícil conseguir um novo herdeiro àquela altura. 



Mas, este servo realmente não vivia para si mesmo; só vivia para o seu 

senhor, verdadeiramente amava o seu senhor mais do que a si próprio. E foi 

por isso que Abraão o escolheu, e será por isso que Deus nos escolherá para 

os Seus propósitos. A principal maneira pela qual o Senhor Nosso Deus irá 

medir nossa fidelidade como servos, será através do nosso amor para com Ele. 



Será que neste ponto podemos dizer que nos parecemos com esse servo de 

Abraão? 



Só o amor trará à luz esta informação, isto porque qualquer outro critério 

de avaliação seria baseado em atitudes meramente humanas, que por mais que 

aparentem ser boas, costumam ter algum interesse carnal por trás. Por isso é 

que as escrituras afirmam: "...acima de tudo isto [subentende-se toda a obra 

que o homem pode realizar], porém, esteja o amor, que é o vínculo da 

perfeição." (Colossenses 3.14.) 



Que seja claro para nós, como servos e filhos amados de Deus, que só através 

de um amor intenso é que poderemos alcançar a confiança e sermos conhecidos 

do nosso Senhor. "Mas se alguém ama a Deus, esse é conhecido por Ele." (I 

Coríntios 8.3.) 





4. Ele era um adorador extravagante 





"E, prostrando-me adorei ao Senhor e bendisse ao Senhor..." (v. 48) 



Como se não bastasse tantas qualidades em um servo, encontramos nele algo 

que supera e dá suporte a todas as outras demais qualidades, ele era um 

adorador. 



Abraão era um homem que conhecia a Deus de perto, e certamente não colocaria 

suas posses e sua própria casa à mercê de qualquer um, mesmo se este homem 

fosse extremamente qualificado para o serviço. Creio que ele preferiu mesmo 

um adorador, um homem piedoso e temente ao Senhor. 



Este homem, por sua vez, não tinha nenhum medo de assumir-se um adorador do 

Deus Vivo. Ali estava ele, diante de uma mulher que ele nunca vira antes, se 

arremessando ao solo e bradando, com todas as suas forças, gritos de 

adoração e alegria diante do Senhor. Certamente havia outras pessoas por 

perto, pois era a hora em que as moças saiam para buscar água no poço. Esse 

homem amava a Deus e sabia que só pela vontade Dele é que as coisas estavam 

acontecendo. Só isso já é uma grande razão para que a nossa adoração seja 

extravagante. 



Conclusão 



Temos sido, como Igreja, violentados por doutrinas mundanas hereges e que 

estão minando a nossa verdadeira adoração. Devemos nos voltar para a simples 

e eficaz Palavra de Deus, que é o único lugar onde conheceremos o Seu 

caráter. 



Alguns pontos para meditar sobre nossas próprias vidas são: 



- Será que temos buscado a glória de sermos conhecidos por nossas atitudes? 



- Temos vivido exclusivamente para o nosso Senhor? 



- Temos atendido ao chamado específico de Deus para nossas vidas? 



- E a nossa adoração, será que ela é só uma música? 



- O nosso relacionamento com o Senhor pode ser colocado sob o respaldo de 

palavras como fiel, sincero, transparente, verdadeiro, intenso, etc? 



Não sei quanto a você, mas o meu único desejo é ouvir uma pequena frase 

naquele dia: "Servo bom e fiel, entra no gozo do Teu Senhor." 



Que a graça do nosso Senhor Jesus Cristo nos alcance, para o propósito de 

progredirmos em estatura diante Dele. 



Seu irmão em Cristo Jesus,