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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Sobre um tal de “jugo desigual”

Robinson Cavalcanti, bispo anglicano, conta uma experiência interessante: Certa vez, em um congresso de jovens, em um estudo sobre afetividade, um rapaz encaminhou a seguinte pergunta: “O que o senhor acha de se namorar uma moça do mundo?” A minha resposta foi: “Parabéns por sua normalidade. Estaria preocupado se você estivesse namorando uma ET”.

No meio “protestante” ainda não aprendemos a lidar com o mundo, seja ele em que dimensão for. O próprio bispo Robinson colocou isso de uma forma bem ampla: Deus criou o mundo, o universo (kosmos), e ama a sua criação. No universo da criação Ele incluiu o nosso mundo particular, a terra (geo), e também o ama. A terra, a natureza e as criaturas (oikumene) caíram, mas Deus não as desprezou. Ele havia planejado um estado de coisas perfeito, diferente do atual (aion), com o qual devemos nos inconformar, esperando um mundo novo (aiones), quando, por fim, viveremos em um mundo pleno (aionios). Assim, a questão não é espacial — a rejeição do planeta, da vida, da história, da sociedade, das pessoas, do Estado, do corpo —, mas ontológica e moral — as formas de pensar, de agir, de organizar, que são contrárias ao projeto de Deus.

Ainda agimos com o complexo de gueto. Não sabemos em quais áreas atuar com desenvoltura plena, afinal, na mentalidade fetichista evangélica, sempre há um complô diabólico pelas esquinas da vida. Uma palavra precisa ser resgatada por nós com urgência: equilíbrio! Saber quem sou e com quem me relaciono na normalidade da vida. Sem extremismos nem cabrestos, sem religiosidade asfixiante nem teologias neurotizantes.

A pergunta que fica é: como dominar meus impulsos sexuais com alguém que não considera esse domínio prioridade? O tal “jugo desigual” é o conflito de valores, a visão de mundo completamente outra. Numa sociedade altamente erotizada fica muito difícil para um jovem cristão que namora uma jovem não cristã (ou vice-versa) “segurar a barra”.

Não acredito na postura ditatorial do proibido, contudo, preciso estar ciente de que cada ato gera uma consequência. Se possível, seria excelente que nossos jovens só se envolvessem com jovens “do nosso meio”, contudo, vivemos na ambiência dos diferentes e isso implica, muitas vezes, no arriscado jogo da mistura. E quando trata-se de mistura, todo cuidado é pouco.

A oração de Jesus por seus discípulos ainda ecoa: “Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal” (Jo. 17. 15).

Extraído de Genizah

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