Houve um tempo em que a fé cristã representava um poder soberano em nosso país, onde a palavra de um papa ou de qualquer voz dentro de um segmento religioso importante era respeitada, todavia, a igreja cristã há séculos vem abusando de seu status e causando repulsa com seus dogmas inflexíveis e autoritários e isso culminou nesta realidade de descrédito.
A fé cristã, manobrada pela religião, desencadeou pelo menos dois problemas:
- a religião perdeu a capacidade de, ao menos, contribuir para a integridade do ser humano – cristão não é mais sinônimo de gente de confiança; caridosa, piedosa, conselheira e etc.
- a fé cristã que reflete uma mensagem muito maior que a religião cristã e qualquer outra religião, acabou se tornando num objeto fabricado por essa mesma religião dita cristã.
Vivemos num tempo em que cada vez mais se debocha e se descredencia aquilo que já não funciona bem, ou muito pelo contrário, aquilo que só faz mal, suscitando ranço de ódio, preconceito e autoritarismo de razão e verdade. No mundo de hoje e no de amanhã, apesar do senso de cegueira e o capachismo serem, psicologicamente, genéticos no homem, cada vez menos as velhas religiões serão respeitadas como instituições importantes para a construção de uma sociedade melhor (isso não é evolução, é apenas um fim de um ciclo e um romper de uma nova era para dar início e espaço a uma outra cadeia de pensamento que se estruture e desenvolva os seus próprios métodos de encurralamento e confinamento humano).
O Cristianismo caminha os passos das religiões tribais e fundamentalistas que atrasam todo o processo de civilidade, reinvenções e adaptações necessárias dentro de uma sociedade. Quem está de fora e alguns poucos que estão dentro podem ver os estragos de uma instituição que só se interessa em se adaptar para levar vantagem e para a sua ascensão, desfreadamente, obscena.
A raiz do problema: quando a fé cristã se tornou um poder, ela esvaziou-se de sua essência, ganhou muros, liturgias, dogmas, apaches e carrascos morais. Em outras palavras, deixou de ser fé para se tornar uma potestade; poder. A fé cristã, na sua essência, deveria apenas se desdobrar em amor e dignidade, de igual para igual. Se não houvesse a intervenção dos anseios por poder através de um império religioso, com suas velhas e atuais cruzadas para conseguir mais adeptos através da coação e sedução infame, se não houvesse a manipulação dos históricos que deram matizes na incursão do tão crido Jesus para tirarem proveitos e erigirem uma máquina de padronizar pessoas em séries e as confinarem numa caixa de doutrina moral a ser idolatrada, a realidade seria outra.
Viveríamos dentro de uma realidade onde qualquer segmento que se levantasse com uma bandeira da fé cristã e que apenas resultasse em serviço a dignidade humana, dando todo o amparo por puro amor, seria ovacionado por qualquer gênero do bem e ganharia muito mais simpatizante do que antipatizante.
Como isso não é constatável em nossa história, resta-nos ver aumentando o número de ateus, de decepcionados com a religião e de gente que odeia o Cristianismo e como se não bastasse, vai aumentar o número de piadas que vão incutindo nas crianças e adolescentes a visão de que o que existe é uma religião tão antagônica de sua essência ao ponto de se tornar o próprio diabo de seus dogmas.
Vi no Mera Palavra
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